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Viajantes Patológicos

Domingo, 28 Março 2021 by admin

Sendo psicóloga, estou em constante autoanálise.

Nesta temática das viagens e falando de mim para mim, fiz o exercício de tentar entender se sou uma viajante patológica ou só adoro viajar, esta é uma das questões que me coloco muitas vezes.

Confesso que tendo a ser um pouco parcial na minha reflexão.

Comecei por desconstruir alguns conceitos.

Vejamos:

Wanderlust –  é o termo mais conhecido por viajantes para definir a pessoa que tem obsessão por viajar, desejo incontrolável de conhecer novas culturas e locais, na prática o indivíduo que não consegue acabar uma viagem sem já estar a pensar na organização da seguinte.

Ou

Dromomania / dromapatia – vontade intensa de deambular, afastar-se ou viajar, mania errante, automatismo ambulatório. Consiste no desejo irresistível de sair de casa ou de mudar repetidamente de endereço, sem destino ou objetivo pré-determinado. Associado a comportamentos ansiosos e com um estilo de vida pouco regulado, relacionado a comportamentos disfuncionais.

Podemos descartar a dromomania!

Uffffaaaa, assim fico mais descansada, apenas tenho um comportamento obsessivo por fazer viagens!!! Se bem que se perguntarem a alguns amigos não vão hesitar em afirmar que não sou muito regulada – fico-me pela primeira hipótese e aproveito esta minha parcialidade na análise.

Esta síndrome (Wonderlust), segundo um estudo de um geneticista do comportamento, Dr. Richard Paul Ebsteind, comprova que existem 20% das pessoas que tem uma variação num gene específico (DRD4-7R). Ou seja, são menos sensíveis à absorção da Dopamina.

A Dopamina é um neurotransmissor, molécula sintetizada a partir de aminoácidos.

Tem como ação estimular a sensação de prazer, e influenciar as emoções, humor e atenção, entre outras funções executivas.

Assim, o estudo indica que a tendência destas pessoas é terem comportamentos de maior risco, mais intensos, com o objetivo de libertarem esta substância, e funcionar como prazer e recompensa, levando muitas vezes à compulsividade. Em suma: têm condutas mais aventureiras, de risco, com o intuito de aumentar a produção de adrenalina e noradrenalina.

Hummm, não sei se gosto desta análise… afinal não sou só obsessiva com posso ter uma mutação no alelo 7?!?

Se aprofundar esta análise, começo a reconhecer em mim, alguns sinais preocupantes, que podem estar associados a esta síndrome, ora vejam:

  • Viajar sempre que possível;
  • Tentar prolongar a viagem só por mais uns dias;
  • Levar o tempo a pensar em viagens e nos seus percursos;
  • Explorar tudo, arranjar desculpas para conhecer algo novo, nem que seja no outro lado da cidade;
  • Horas e horas despendidas a ler artigos de blogues;
  • Trabalhar, com o intuito de viajar;
  • Focar as finanças nas viagens é uma prioridade, poupar, poupar;
  • Nas viagens tentar experimentar tudo o que seja novo, experiências, percursos, comida, meios de transporte, etc;
  • O desconhecimento do idioma, da cultura, não é um impedimento, é um prazer;
  • Percursos demasiado cheios para não arriscar perder uma pitada;
  • Muitas vezes as viagens fogem dos padrões de luxo de comodidade, o importante é conhecer;
  • Sempre o passaporte atualizado, nunca se sabe;
  • Assim que acaba uma viagem, já estou a investigar outra;
  • Viagem de forma independente, onde tenha oportunidade de não ter limitações de tempo em cada lugar;
  • Procura incessante de preços de passagens aéreas, alojamento, entre outros- só para me atualizar;
  • Construo uma apresentação em PowerPoint com todo o percurso de viagem, preços e experiências e faço um jantar com amigos, de antevisão da viagem, onde os obrigo a ver do início ao fim todos os pormenores.

Pareiiii, não me atrevo a explorar mais, acho que tenho sinais mais que evidentes…

Bom, este estudo só diz que existe uma tendência para comportamentos mais aditivos e extremos – o que isso tem a ver com viagens?

Aqui está a resposta:

A Dr.ª Julia Dmitrieva (de 1999 do Departamento de Psicologia e Comportamento Social, Universidade da Califórnia, EUA) estudou os padrões de migração da população em tempos pré-históricos correlacionados com este gene, tendo identificado que esta perturbação no gene era mais prevalente em povos migrantes, e não foi identificado predomínio em povos sedentários.

Conclusão do estudo- “(…) um traço genético que foi associado em alguns estudos ao traço de personalidade de busca de novidades e hiperatividade – em sociedades migratórias e a possibilidade de seleção natural para um gene de migração.”

Afinal, esta minha necessidade de viajar incessante não é maluquice, mas uma adaptação genética adaptativa, assim fico mais descansada!!!

Mais tarde o Dr. Richard Paul Ebsteind, veio a esclarecer que a genética tem apenas uma influência limitada nos nossos comportamentos e não são um fator exclusivo.

Para determinar um comportamento é necessário que para além do genótipo, se considere todos os fatores ambientais, tais como educação, experiências e influências exteriores.

Aqui aparece o MITO de que esta mutação genética está associada aos Wonderlust.

Afinal já não tenho a desculpa do gene, não sou só doentinha e tenho que viajar para regular a minha dopamina, uma lástima…, mas é o único tratamento possível.

Chego à brilhante conclusão que existem grandes possibilidades de eu ter aqui um traço obsessivo, mas não é culpa da possível mutação genética.

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