Camboja autêntico – estadia em zona Rural
Siem Reap é uma cidade turística localizada muito perto do complexo de Ankor e de outros templos.
Desta forma está muito preparada para turistas, tem imensos hotéis, lojas, guesthouses, bares e vida noturna. Ou seja, foram construindo um espaço de todos para todos, muito oportuno, mas pouco autêntico.
Como íamos ficar muito pouco tempo no camboja e gostava de conhecer uma zona mais genuína, decidi ficar numa Guest House mais para a zona rural.
Esta viagem foi feita com grupo de 6 adultos e uma criança, o desafio foi encontrar um espaço limpo, simples e barato.
Após muita procura nos motores de busca habituais resolvi, com algum receio, fechar a reserva.
Alugamos três quartos numa Guest House a 7 Km da cidade de Siem Reap, e assim começa a nossa aventura.
Assim que chegamos do aeroporto estavam à nossa espera à porta dois tuk tuks, os motoristas apresentaram-se e ainda aguardaram que fossemos comprar os nossos cartões SIM.
A Fazenda oferecia o transporte para lá, mas de Tuk tuk? Sete quilómetros? Bolas, vamos chegar lá todos partidos… ás vezes tenho ideias macacas! Porque não ficamos em hotéis normais na cidade como todos os outros??
No caminho fomos apreciando a paisagem, os campos eram dum verde quase florescente, estavam todos plantados de arroz.
Passados 15 minutos já estava a amar a minha opção, este trajeto deu-nos oportunidade de conhecer o modus vivendus da população, encontramos modos de transportar bens mesmo que refletem uma criatividade incrível, ora vejam:
De repente, viragem à direita, para caminho de terra batida, bem espero que não sejam muitos quilómetros, pensava eu enquanto o simpático motorista apontava para uma casa e dizia que morava ali.
Ao chegarmos lá fomos recebidos e acomodados por um simpático jovem, ficamos no piso térreo de uma casa, tinha três quartos e uma casa de banho de água fria (não era isso que vinha descrito), mas uma vez que seria só para nós, engoli.
O rapaz era o filho dos donos, esteve sempre presente para nos explicar percursos, roteiros e reservar o que quiséssemos, sentimo-nos em família.
Esta fazenda tinha trabalhadores, podíamos vê-los a tratar da cultura do arroz, bem interessante.
O “Hotel” servia refeições, mas tínhamos que avisar com um pouco de antecedência, depois entendi porquê, quem fazia as refeições era uma senhora que falava com os olhos, não sabia uma palavra de inglês, mas comunicava com a alma.
Para nos preparar as refeições ia ao mercado comprar o necessário e ela própria preparava, comida caseira, nunca comi uns crepes de legumes como aqueles, tudo feito de raiz.
O alojamento não tinha pequeno almoço, mas os olhos estavam sobre nós, perceberam que gostávamos de comer uma banana antes de sair e voilá, todos os dias aparecia um cacho de bananas em cima da mesa – fantásticos.
Todos os serviços oferecidos pelo alojamento são feitos pelos próprios ou dados a residentes da pequena aldeia, como forma de desenvolvimento local, excelente conceito.
Existe também lá um senhor ligado à proteção da natureza e explicava tudo o que se relacionava com as espécies locais, a fauna e flora, mesmo muito interessante.
Sempre que queríamos sair, passear a qualquer lugar, lá apareciam os nossos amigos motoristas, tinham sempre uma atitude simpática, mas vigilante.
Num dos dias estava uma enorme tempestade e fomos até à vila jantar, atrasamo-nos, ficaram lá à nossa espera, comunicavam com o alojamento a reportar onde estávamos e como estávamos.
O nome do alojamento é The Green Home, Endereço: Po Meanchey Village, Sangkat Siem Reap, Siem Reap, Camboja. (Site)
A nossa experiencia foi única, se tivéssemos ficado alojados na cidade era impensável comer aquela comidinha caseira, ver as crianças espreitar curiosamente aquele grupo de ocidentais, o trabalho no campo, observar o verdadeiro camboja.
Não podíamos ser melhor acolhidos, apesar de não encontrarmos alguns luxos que estamos habituados (como agua quente), fomos bem compensados com carinho e hospitalidade – valeu ouro.
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Cairo – A cidade que nunca dorme
Esta nossa viagem ao Egipto foi noutro tempo, em 2009, antes da primavera Árabe, todos os relatos que são efetuados têm que ser contextualizados, podem estar um pouco desatualizados em certas situações.
Nós sabíamos que esta era a maior cidade do mundo árabe, tem cerca de 9 milhões de habitantes (quase a população portuguesa toda), e a sua área metropolitana cerca de 25 000 000.
A nossa expectativa era muito alta.
É o 15º Pais mais populoso do mundo, mas a sua grande característica é a densidade populacional, os habitantes concentram-se em volta do Rio Nilo e nos centros urbanos. Portanto, Grande Confusão!
Só quatro dias na capital, não é nada para este panorama, tínhamos que correr para sentir a cultura, um bocadinho que fosse.
Ao chegar de Luxor, fomos de transfere para o nosso hotel de 4 estrelas já incluído no pacote (que remédio), gosto mais de viajar de forma independente, mas foi a oportunidade.
Já cheguei ao Cairo combalida, com uma diarreia, tive o máximo cuidado no cruzeiro, mas esqueci-me da salada, e foi no que deu. Já vinha a tomar UL-250 e Imodium, mesmo assim não estava bem.
Mal chegamos ao hotel, larguei a mala e fui à farmácia que se localizava ao fundo da rua. Expliquei os sintomas, o farmacêutico brincou comigo dizendo que estava com o mal do Faraó.
Afinal estava com a Maldição do Faraó, que desgraça a minha! Mas o que é isso?
Ele estava a fazer alusão à lenda de que qualquer pessoa que viole a múmia de um faraó do Egito será atingida por uma praga, que a levará à morte. Esta crença surgiu no seculo XX, para afastar os saqueadores de tesouros das pirâmides.
Lá nos rimos e deu-me um remédio (era um antibacteriano, parece que a população local está resistente, mal os estrangeiros não) foi tiro e queda, nessa mesma noite, pronta para a aventura!
Fui descansar um pouco para o Hotel, estava debilitada, como dormi à tarde e recuperei logo, estava cheia de fome. Era uma da manhã, não tínhamos nada para comer, tentei dormir um pouco para esquecer a fome, virei-me para o lado.
O quarto de Hotel dava para a rua principal, só ouvíamos buzinadelas de carros, à uma da manhã? Resolvemo-nos vestir e ir até o átrio do hotel, falar com a receção, podia haver algo que se comesse.
Perguntamos se tinham room service. Não tinha, mas indicou-nos que ao fundo da rua haviam restaurantes e uma pizzaria, mas àquela hora? Disse-me que sim.
Mal saímos do hotel não poderíamos acreditar no que estávamos a ver, a rua estava cheia de pessoas a passear, calmamente, como se fosse de dia, famílias inteiras com carrinhos de bebes, de todas as idades, as lojas todas abertas.
Não eram só lojas de conveniência, eram sapatarias (cheias de gente e experimentar), de malas, roupa, absolutamente tudo.
E o trânsito? Parado, todos os carros a buzinar (como é que eu poderia conseguir dormir?), percebemos que a hora de ponta também era às duas da manhã.
Depois de andar quase uma hora, embasbacada a contemplar este cenário, resolvemos comprar uma pizza e levar para comer no hotel.
Hoje não sei se continua assim, uma vez que durante uns tempos foi imposto o recolher obrigatório.
Custei a adormecer, com a cabeça num rodopio, excitada para que chegasse o dia seguinte e com um pensamento persistente na minha cabeça.
O Cairo, afinal é que é a cidade que nunca dorme!
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