Ouro de Aveiro e ainda Sal e Moliceiros
Aveiro está sempre na rota de quem visita a zona centro, e porquê?
Muitos dizem que é a Veneza de Portugal e os seus canais imperdíveis, e eu acho que… Não vou ser hipócrita, foi mesmo pelos Ovos Moles!
E acham que a razão é de menos importância??? Olhem que se enganam. Mas já vos explico.
Um dia inteiro dedicado a visitar a cidade e era difícil de escolher o que fazer, portanto, a nossa escolha recaiu num programa simples.
Manhã — visita guiada às salinas Marinha da Noeirinha
— Praia da Marinha da Noeirinha
Tarde — Oficina do Doce Workshop de Ovos Moles
— Passeio de Moliceiro
— Degustação nas pastelarias circundantes do Ouro de Aveiro (Ovos Moles).
Na hora certa lá estávamos à porta da Loja Museu da Marinha da Noeirinha (Salinas de Aveiro), para fazer a nossa visita guiada às salinas.
Fomos recebidos e lá seguimos com um senhor que era operacional na salina e explicou um pouco da história do Sal, das funções de cada parte das salinas, das ferramentas e instrumentos que utilizam, qual a altura do ano que executam cada uma das ações, um espetáculo!
Fiquei também a conhecer uma planta, que pode substituir o Sal na alimentação, dá o mesmo sabor à comida e evitando assim problemas de Hipertensão — Chama-se Salicórnia — provamos um pouco e sabe mesmo a sal.
A visita Guiada custou 5 € os adultos e 2,5 € as crianças, e teve uma duração de 40 minutos. Vale bem a pena!
Em seguida fomos para a praia da Noieirinha, é uma zona privada que simula uma praia e tem areia e uma represa que renova com água do mar conforme as marés.
A grande vantagem é a zona do fundo é de argila e permite fazer tratamentos à pele. A água para aquela zona, porque fica em represa até tem uma temperatura suportável – relativamente às praias daquela zona do País.
Pagamos por meio dia de estadia, o preço foi 3,5€ por adulto e 2€ por criança (Das 9h às 14h).
No final lá fui fazer uma visita mais atenta à Loja, tinham o sal grosso comum, que saía super barato se comprássemos em quantidade — 20kg.
Lá tentei convencer marido e amigos — mas fiquei com a impressão que me acharam bem exagerada. Não consigo perceber porquê… Resultado, não consegui sacar mais que 5 kg, mas ainda consegui trazer outros tantos de flor de sal.
E Tcham, tcham lá estávamos prestes a entrar no Workshop dos Ovos Molos de Aveiro.
Foi um pouco diferente daquilo que eu imaginei – é normal porque estávamos numa situação de alguma contenção devido ao coronavírus, o que não permitiu metermos a mão na massa. Mas em compensação a apresentação foi tão espetacular que fiquei encantada.
Consistiu na explicação da História dos Ovos Moles até à atualidade, o método de confeção e como Aveiro conseguiu desenvolver a economia através só desta marca.
Fiquei estupefacta com os dados e penso que podia ser aplicada a qualquer zona do País.
Ora vejam, parece que os Ovos Moles certificados, para a manterem e serem comercializado com este selo de qualidade exige alguns critérios.
De entre os critérios encontram-se a qualidade, condições de higiene, utilização da receita original sem desvios e muito importante — só podem usar produtos que sejam produzidos na região, ou seja, os ovos não podem ser comprados a Espanha, ou ao Algarve, assim desenvolveram a economia de forma a ficar quase sem desemprego.
Muito Obrigada Cátia pela formação!!!
Descobrimos que esta empresa, para além dos Ovos Moles produz outra doçaria e uma marca de gelados artesanais que tem os sabores representativos de Portugal, tais como: Ovos Moles, Requeijão com doce de abobora, castanha com vinho do Porto, entre outros sabores originais.
Havia uma Pastelaria mesmo ao lado que fazia crepes com gelado de ovos moles, topping de ovos moles e fios de ovos – quem resiste?
Em seguida foi a volta de moliceiro pelos canais, lindo, também com uma explicação interessante acerca da apanha dos moliços, realmente aqueles canais são mesmo lindos.
Ao observar de perto as pinturas dos moliceiros, pelos vistos, tradicionais, é que percebi que tinham mensagens… um pouco marotas!
Antes de voltarmos a casa ainda tivemos que comprar uma caixa de Ovos Moles em cada pastelaria conhecida pela boa confeção, apesar de nos ensinarem que estes são constantemente fiscalizados e todos têm que ter o mesmo sabor e consistência, tivemos que testar.
Assim, desde que sejam certificados deverão ser iguais, mas realmente o que nos admirou é que de confeitaria para confeitaria os preços são realmente diferentes … cuidado com isso!!! As mais conhecidas exageram nos preços.
No fim disto tudo entendi, porque que os Ovos Moles são o Ouro de Aveiro.
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Leitão à Bairrada! …e o vencedor foi…
Nãããããããããoooooooooooooo!
O grito dilacerante que demos depois de saber que tinha sido cancelada a viagem à Tailândia em agosto.
Sim, foi tão aflitivo porque já estávamos com a frustrados de ter sido cancelada em abril a viagem a Marrocos (sim, outra vez Marrocos! Nunca são vezes suficientes).
Claro que, no fundo, no fundo, já sabíamos que não haveria grande hipótese de fazer essa viagem, mas a esperança foi a última a morrer.
E agora? e agora? não me digam que e MeXXX do Vírus nos vai obrigar a ficar fechados em casa?? Isso nunca!!!!
Lá nos decidimos que iríamos cá ficar, visitar o nosso lindo país. Agora a pior parte seria escolher o que ver. Ele é todo lindo.
Depois de muito analisar, decidimos visitar o centro do País, porque nos dava uma oportunidade de experimentarmos uma miscelânea de paisagem e sabores, com a vantagem de termos alugado uma casa com condições catitas.
Toda a nossa viagem utilizou a casa como base e fazíamos viagens de 1 dia voltando no fim do dia.
A nossa casa localizava-se na Mealhada, que chatice lá teremos que experimentar todos os restaurantes de Leitão das redondezas… e nós que não gostamos nada. Que sacrifício Meu Deus!
Pensávamos que íamos encontrar menos movimento, mas na realidade os restaurantes estavam muito cheios, com fila para entrar. Menos mal, sempre mexe a economia.
Marcamos com antecedência para garantir as vagas nos restaurantes, menos em um deles, que lá estivemos numa fila interminável.
Fizemos um raide muito completo por várias casas de nome e renome, mais que bem-afamadas e até com” nome próprio” terminando com “dos Leitões”.
Claro que não visitamos todos os restaurantes e tascas da especialidade, mas tivemos uma boa amostra.
Foi interessante verificar que na generalidade os restaurantes têm boa qualidade e não envergonham em nada a Rota da Bairrada.
Propusemo-nos a experimentar para além da qualidade do Leitão, a cabidela de leitão, uma sobremesa local, o frisante e o atendimento.
Esta brincadeira é que não saí muito barata, o Leitão é sempre uma refeição muito cara, mas valeu bem a pena!
Pedi a todos eles se podia ver o Leitão a sair dos seus fornos tradicionais e gravar o processo de elaboração, pois tinha muita curiosidade em conhecer melhor esta receita tradicional da zona.
Na realidade todos recusaram a visita à zona dos fornos, todos menos um.
Na generalidade percebemos que existe muito pouco investimento ao nível das sobremesas tradicionais, apenas dois dos restaurantes tinham algo só da zona – o conhecido “Morgado do Bussaco” – depois de o experimentar nunca mais vou ser a mesma.
O Morgado é feito com uma espécie de panquecas feitas com farinha de noz, recheado e coberto de Ovos Moles! Bem… já viram bem a loucura de sobremesa.
Penso que deviam investir mais nesta área e oferecer doçaria da zona para que se tornasse mais atrativo, por norma os restaurantes têm as normais e aborrecidas sobremesas, como doce da casa, musse de chocolate, gelados, etc. E digo-vos, muitas dessas nem pareciam caseiras.
Quanto aos Leitões estavam todos muitos bons, sem razão de queixa, mas sem dúvida que se nota diferença naqueles que têm matadouro próprio dos que não têm, será um fator a investigarem quando quiserem marcar uma degustação num desses restaurantes.
Os vinhos frisantes ou espumantes da zona, eram muito bons e sinceramente as cartas pareceram-me todas com qualidade.
O atendimento foi com alguma qualidade, se bem que em restaurantes com salas muito grandes, que recebem demasiadas pessoas ao mesmo tempo, deixam de ter um atendimento mais personalizado, perde um bocadinho a essência da experiência.
Assim, e ponderando todas estas questões… no final não tivemos quaisquer dúvidas e o vencedor foi… O Pic-nic dos Leitões.
Motivos da Vitória:
— Casa mais pequena, de gestão familiar e permite um atendimento personalizado, sentimos a experiência como única.
— A carta de vinhos era muito completa, mas é um fator de equilíbrio com os outros.
— Mostraram logo disponibilidade em nos receber, mostrar as instalações e a confeção — nenhum dos outros permitiu.
— Matadouro próprio.
— A higiene no local de confeção dos leitões, a zona de saída dos fornos, estava impecavelmente higienizado, impressionante!
— Perante o nosso interesse falaram-nos da história deste restaurante familiar e tiraram todas as dúvidas, por muito idiotas que parecessem.
— A sobremesa tradicional (Morgado do Bussaco) da zona estava de comer e chorar por mais, sinceramente neste ponto foram os claros vencedores.
— O leitão estava soberbo, pele estaladiça e o molho de pimenta realmente destacava-se.
— A cabidela de Leitão foi a melhor de todos os restaurantes.
E assim foi a nossa aventura de degustação pelos restaurantes da Bairrada, e que aventura, resultado… uns quilitos a mais!!!
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