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A cidade dos mortos – A vida para além da morte

Domingo, 12 Janeiro 2020 by admin

A visita a esta “cidade” foi feita antes do documentário de Tréfaut, lançado em 2010, e ainda não havia muito conhecimento desta situação no ocidente.

O crescimento demográfico do Egipto tem sido muito superior aos seus países vizinhos, quase insustentável.

A diminuição da taxa de mortalidade infantil e o aumento da esperança média de vida, é a explicação para este acontecimento.

Só no Cairo estima-se que tenha cerca de 9,5 milhões de habitantes, enquanto que na região metropolitana, cerca de 25 milhões, o que faz dela a 13º cidade mais povoada do mundo e a com maior n.º de habitantes de África.

Tínhamos ouvido falar de um cemitério onde viviam pessoas, ficamos bem curiosos, numa cultural ocidental temos alguma dificuldade em lidar com a morte, quanto mais viver num cemitério.

Para entender aquilo melhor, falamos com o taxista e lá fomos.

No caminho foi-nos contando que a “cidade dos mortos” é uma cidade dentro de outra cidade.

Quando se deu o êxodo rural, os migrantes, foram ocupando este espaço (desde há um século) e tornou-se um enorme “bairro de lata”, onde agora estima-se que habitam entre 1 e 2 milhões de habitantes.

Esta população (quase todos trabalhadores agrícolas) chegava à cidade sem nada, muito pobre e com a esperança de encontrar uma vida melhor, assim ocupavam ilegalmente este espaço.

O povo do Cairo chama-lhe Al-Arafa (cemitério) e é a maior necrópole do mundo (tem cerca de 10 km).

Antigamente as pessoas mais endinheiradas, construíam um género de casas (quadrangulares) com o Mausoléu lá dentro e que a família e amigos ficavam lá, pernoitavam, durante quarenta dias, que era o tempo de luto.

É esse espaço que começou por ser ocupado e onde as pessoas vivem.

Efetivamente continua a ser um cemitério ativo, todos os dias se enterram lá pessoas.

Aquele cemitério — cidade é quase autossustentável ao nível dos serviços, existem cafés, padarias, mecânicos, artesãos, lojas e até escolas e mesquita.

A nossa curiosidade ia-se aguçando.

Finalmente tínhamos chegado, parecia uma aldeia, muito pobre e sobrepovoada, o chão em terra batida, sem agua ou esgotos.

Percebemos que era uma comunidade que tinham a cumplicidade de quem muito passou e passa.

O nosso taxista “guia”, disse para esperarmos no carro que ia tentar conseguir que víssemos uma casa por dentro.

Fiquei a observar, do lado de fora, pareciam apenas casas de alvenaria, que estavam por rebocar, as pessoas e meninos que brincavam na rua muito empoeirados, pudera, pensei eu, chão de terra batida e sem agua. Mas não parecia um cemitério…

Fez-nos sinal de longe, já podíamos ir, a espreitar estava uma jovem senhora.

Pedimos licença para entrar na sua casa, muito simpaticamente se disponibilizou por mostrar os espaços, sorria a falava em árabe (o taxista traduzia).

Aquela população é muito pobre, as casas consistem apenas num quarto comum (para toda a família), colchões no chão e uma mesinha de madeira ao canto, fez também questão de nos mostrar o “quintal”, que um espaço de terra batida com vários túmulos, entre eles estava esticada uma corda onde penduravam a roupa.

Não havia casa de banho, nem cozinha, naturalmente, pois não existe saneamento básico ou rede de esgotos, claro, porque é um cemitério.

À saída o taxista aconselhou-nos a dar uma gorjeta á senhora, assim o fizemos.

Aquela “casa” localizava-se na ponta do bairro, o taxista disse que não arriscava a ir muito para o centro, pois uma vez que era uma ocupação ilegal também se abrigavam ali muitos foragidos da polícia por diversos crimes, o que tornava o local perigoso.

A cidade dos mortos, é um enorme bairro de lata (feito em alvenaria), alojado num cemitério.

Cidade dos mortos é um termo altamente metafórico, os mortos a que se refere não são os cadáveres já enterrados, mas sim aquele milhão de pessoas que lá reside e está “morta” socialmente, está “morta” a esperança de melhoria de qualidade de vida com que tanto sonharam.

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