O Lago Tonle Sap é de água doce e é inundado sazonalmente.
Nas margens deste Lago encontramos aldeias de parafitas ou flutuantes, as casas são sustentadas por estacas de madeira para elevar e proteger das cheias que acontecem na época das chuvas ou sustentadas por bidões.
No Lago existem mais de 170 aldeias flutuantes, com 80.000 habitantes, sendo as mais conhecidas:
- Chong kneas floating village.
- Kompong khleang floating village.
- Kampong chhnang floating village.
- Kompong phluk.
- Mechrey floating village.
Nós optamos por visitar a Kompong Khleang, porque é das aldeias menos visitadas, com pouquíssimos turistas, portanto mais autêntica.
Atenção que as aldeias mais turísticas são muitas vezes expostas a esquemas de orfanatos falsos, onde se pede para contribuir com dinheiro para comprar comida ou bens.
Podemos visitar a aldeia em qualquer época?
Sim, mas…
Dependendo da época do ano podemos obter experiências diferentes.
Na época seca (novembro a maio), é possível visitar a aldeia através de ruas de terra batida, porque o caudal do rio que verte para o lago fica muito reduzido.
Na ápoca das chuvas (junho a outubro), podemos fazer a visita de barco, mesmo pelo interior da aldeia.
Como ir?
Existem várias formas de fazer esta visita:
– Comprar a excursão numa agencia de viagem de ida e volta de Siam Reap. Estas agências vão visitar vilas mais conhecidas e turísticas.
– Fazer percurso de forma mais independente, alugar carro ou tuk tuk e escolher a aldeia que se quer visitar.
Nós resolvemos alugar uma Van com motorista para o nosso grupo, da parte da manhã visitar o templo Beng Malea (Indiana Jones) e depois seguir para esta vila menos visitada (Kompong Khleang).
A vantagem de não ter intermediários (agências) é: a visita é mais personalizada e sabermos que o dinheiro dos passeios é exclusivamente para os habitantes da aldeia. Para além de sair mais económico.
A Nossa Experiência
Kompong Khleang é uma enorme comunidade flutuante e localiza-se a aproximadamente a 50 km de Siem Reap.
É uma ótima opção se pensarmos em visitar Bang Malea ou como mais conhecido Templo do Indiana Jones (parece mesmo que entramos num filme) para aproveitarmos o dia.
A duração de visita à aldeia é de meio dia.
As casas são feitas de madeira assentes em estacas de parafitas de 4 metros de altura.
Chegamos perto do cais onde se encontram os pescadores com os seus longos barcos tradicionais a motor.
O custo por pessoa é cerca de 20 Dólares, e o passeio demora cerca de 2 horas.
Escusado dizer que foi uma experiencia incrível, ver as arvores cobertas de agua barrenta, ficando só a copa de fora, inúmeras espécies de aves, o silencio do rio, bom, só foi eleito como Reserva da Biosfera da UNESCO em 1997.
Tonle Sap é a maior massa de água doce interior do sudeste da Ásia.
Esta é das aldeias que atrai menos turistas, devido à distância e porque não é tão apetecível para o lucro das empresas turísticas (não existem restaurantes e lojas de souvenirs), apenas a realidade.
Para quem procura uma experiência mais crua e autêntica é a aldeia ideal.
A verdadeira luta deste Povo
Nesta aldeia moram cerca de 14.000 pessoas.
A economia desta comunidade assenta na pesca, agricultura e dos poucos turistas que a visitam (cerca de 10 por dia, noutras aldeias muito mais).
Embora se tenha uma abordagem romantizada destes locais, porque são bonitos, a verdade é que estes habitantes não têm acesso a eletricidade, agua canalizada e espante-se… nem sequer a cidadania.
São considerados estrangeiros não imigrantes. Ou seja, não são reconhecidos como cidadãos – são Apátridas.
Como consequência do não reconhecimento pelo estado, não podem sair deste ciclo de pobreza absurdo.
As crianças nascidas no Lago Tonle Sap não têm sequer direito a certidões de nascimento. Assim não podem integrar as escolas públicas.
Nestas aldeias construíram as próprias escolas primárias onde algumas crianças aprendem paralelamente ao ensino do estado. A taxa de alfabetização é cerca de 50%.
A sua maioria pertence a três grupos étnicos vietnamitas, Khmer e Cham.
A pobreza é visível a olho nu, as pessoas vivem do rio e para o rio, lavam-se, utilizam aquela água para consumir, utilizam como casa de banho… não é por acaso que a esperança média de vida é de 50 anos.
Para se ter consciência cada família de Tonle Sap tem um rendimento anual de 500 dólares.
Esta visita permitiu-nos uma compreensão mais profunda da vivência do Lago. Ficamos um sentimento misto, agridoce, por um lado a miséria por outro a riso das crianças que é próprio de um povo livre.