
Esta nossa viagem ao Egipto foi noutro tempo, em 2009, antes da primavera Árabe, todos os relatos que são efetuados têm que ser contextualizados, podem estar um pouco desatualizados em certas situações.
Nós sabíamos que esta era a maior cidade do mundo árabe, tem cerca de 9 milhões de habitantes (quase a população portuguesa toda), e a sua área metropolitana cerca de 25 000 000.
A nossa expectativa era muito alta.
É o 15º Pais mais populoso do mundo, mas a sua grande característica é a densidade populacional, os habitantes concentram-se em volta do Rio Nilo e nos centros urbanos. Portanto, Grande Confusão!
Só quatro dias na capital, não é nada para este panorama, tínhamos que correr para sentir a cultura, um bocadinho que fosse.
Ao chegar de Luxor, fomos de transfere para o nosso hotel de 4 estrelas já incluído no pacote (que remédio), gosto mais de viajar de forma independente, mas foi a oportunidade.
Já cheguei ao Cairo combalida, com uma diarreia, tive o máximo cuidado no cruzeiro, mas esqueci-me da salada, e foi no que deu. Já vinha a tomar UL-250 e Imodium, mesmo assim não estava bem.
Mal chegamos ao hotel, larguei a mala e fui à farmácia que se localizava ao fundo da rua. Expliquei os sintomas, o farmacêutico brincou comigo dizendo que estava com o mal do Faraó.
Afinal estava com a Maldição do Faraó, que desgraça a minha! Mas o que é isso?
Ele estava a fazer alusão à lenda de que qualquer pessoa que viole a múmia de um faraó do Egito será atingida por uma praga, que a levará à morte. Esta crença surgiu no seculo XX, para afastar os saqueadores de tesouros das pirâmides.
Lá nos rimos e deu-me um remédio (era um antibacteriano, parece que a população local está resistente, mal os estrangeiros não) foi tiro e queda, nessa mesma noite, pronta para a aventura!
Fui descansar um pouco para o Hotel, estava debilitada, como dormi à tarde e recuperei logo, estava cheia de fome. Era uma da manhã, não tínhamos nada para comer, tentei dormir um pouco para esquecer a fome, virei-me para o lado.
O quarto de Hotel dava para a rua principal, só ouvíamos buzinadelas de carros, à uma da manhã? Resolvemo-nos vestir e ir até o átrio do hotel, falar com a receção, podia haver algo que se comesse.
Perguntamos se tinham room service. Não tinha, mas indicou-nos que ao fundo da rua haviam restaurantes e uma pizzaria, mas àquela hora? Disse-me que sim.
Mal saímos do hotel não poderíamos acreditar no que estávamos a ver, a rua estava cheia de pessoas a passear, calmamente, como se fosse de dia, famílias inteiras com carrinhos de bebes, de todas as idades, as lojas todas abertas.
Não eram só lojas de conveniência, eram sapatarias (cheias de gente e experimentar), de malas, roupa, absolutamente tudo.
E o trânsito? Parado, todos os carros a buzinar (como é que eu poderia conseguir dormir?), percebemos que a hora de ponta também era às duas da manhã.
Depois de andar quase uma hora, embasbacada a contemplar este cenário, resolvemos comprar uma pizza e levar para comer no hotel.
Hoje não sei se continua assim, uma vez que durante uns tempos foi imposto o recolher obrigatório.
Custei a adormecer, com a cabeça num rodopio, excitada para que chegasse o dia seguinte e com um pensamento persistente na minha cabeça.
O Cairo, afinal é que é a cidade que nunca dorme!