Há uns anos visitei a Tailândia. O itinerário foi, entre outros, Banguecoque, Pukhet, ilhas Phi Phi, durante 13 dias.
Quando viajo gosto de vivenciar as sensações culturais, os ambientes, as tradições e as experiências que cada local tem para me oferecer.
No último dia antes do regresso ainda não tinha experimentado as famosas massagens tailandesas.
EU VENHO À TAILANDIA E NÃO RECEBO UMA MASSAGEM TAILANDESA?!?
No último hotel onde fiquei, em Banguecoque, havia uma secção de massagens. E eu pensei – mesmo a jeito, não vou daqui sem uma massagem tailandesa.
Já era tarde – 10 da noite – subi umas escadas estreitas (pareciam secretas) e cheguei a um estabelecimento de massagens. Tudo muito limpinho, tudo muito ZEN: atmosfera calma, música oriental, incenso no ar e tailandesas simpáticas.
Disse ao que ia. A pergunta foi “Oil massage or Thai massage?” Eu queria saber qual era a mais tradicional – era a Thai massage. Então é isso que quero.
Havia a possibilidade de sessão de 1 hora ou de meia hora. Pensei: meia hora deve dar para perceber a coisa. Então, que seja meia hora.
Tive de tirar a roupa e os sapatos. Vesti um pijama leve e confortável. Lavaram-me os pés numa tina e fiquei preparado para a Thai massage.
A massagista era uma tailandesa elegante, de metro e meio, muito ao estilo Dragon Ball Z.
A “sala de massagem”: continuamos no mesmo ambiente ZEN, deitado num colchão fino, mas confortável, colocado no chão. As divisórias eram telas igualmente finas, nos quatro lados. Média luz (mais ¼ de luz).
A primeira coisa que me disse, com uma voz doce, foi que eu tinha pedido meia hora, mas esse tempo só incluía a cabeça e as pernas.
A CABEÇA E AS PERNAS??? E AS COSTAS, QUE É BOM, NADA?!?
Nop! Uma hora é que dá para isso tudo.
Então, que seja – vamos à de uma hora.
Começou pela cabeça. Depois os pés – e já começou a variar… Quando se virou para as pernas é que a coisa piorou! E o tronco? O diabo! Voltas e reviravoltas, com uma agressividade extrema!
Em pouco tempo, já eu estava aflito de todo – ele era cotovelos nas virilhas, pés nas costas, torcedelas de tronco – um reboliço que só visto!
Mas sempre com muita serenidade – mais com o que pareciam requintes de malvadez.
Ao fim de 15 minutos já eu pensava que, se calhar, era melhor voltar à versão de meia hora. Mais um pouco já eu estava a pensar que seria uma vergonha, é verdade, mas tinha de parar com aquilo e ir embora! EU METO-ME EM CADA UMA!!!
E nestes considerandos… fui deixando correr a coisa.
Levei uma coça que, se fosse numa situação diversa, apesar de eu ser pouco agressivo e amante da paz, tinha-me voltado ao agressor umas quantas vezes.
Eu olhava de lado para a cara da menina a ver se teria sido alguma coisa que eu disse ou se a conhecia de algum outro local onde deixara má impressão. Não me ocorreu nada.
COMO É QUE UMA MEIA LECA DAQUELAS ME DÁ UMA TUNA – E EU A VER?
Concluindo, foi realmente duro, mas no fim surpreendentemente relaxante.
Recomendo como experiência.
A repetir? Não sei.
Autor: Fernando Ramos (Arquitecto)